sábado, 29 de agosto de 2009

The End !

O Sol tambem se põe...

... no país do Sol nascente. Estou de volta à China. Deixei Hong Kong para trás, e estou de novo em Xangai, que se prepara para a sua "Expo 2010"... É o fim desta viagem e o fim de um grande "círculo" pelo reino do meio. Foram seis semanas de experiências intensas e inesquecíveis, e de aprendizagem sobre uma cultura que desconhecia... O meu avião parte daqui a pouco e graças à rotação da terra ainda chego no mesmo dia. Para mim o prazer de partir numa viagem destas, só é comparável ao prazer de voltar. Gosto muito de voltar. À minha casa, à minha família, aos meus amigos... Quero agradecer a todos os que me enviaram um email. Gostei de todos, mesmo que fossem só para dizer ola... Costumo dizer que numa viagem há sempre três fases: A antecipação, a viagem em si, e a memória. Este Blog termina aqui e fica para a memória...

Beijos e Abraços a todos. Vemo-nos em Lisboa ou em Leiria...

Zai Jian :-)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Os chineses

Após esta viagem na China, posso dizer sem hesitar que gosto dos chineses... É óbvio que não foi tempo suficiente para compreender uma cultura com 5000 anos, mas foi tempo suficiente para acumular um conjunto de experiências, que me permitem ter uma visão pessoal.

Os chineses como todas as culturas (e pessoas) têm coisas boas e coisas más... Talvez as coisas más se possam resumir com aquilo que eu chamaria de "imaturidade civilizacional"...

O chinês típico, não gosta de respeitar filas, sejam elas para o que forem, não empurram, mas se houver uma aberta, lá se vai o teu lugar...

O chinês típico gosta de atirar lixo para todo o lado menos para o caixote. Um chinês num autocarro, tem um caixote do lixo do lado direito e uma janela aberta do lado esquerdo. Para onde é que vai a garrafa de plástico, de vidro, ou embalagens de toda a espécie? Pela janela é claro. O caixote do lixo servirá provavelmente para cuspir...

O chinês típico gosta muito de cuspir. E não são aquelas cuspidelas distraídas, mas grandes e sonoros escarros... É preciso ter cuidado quando se pousa a mochila no chão, porque são piores que a pastilha elástica. Este é provavelmente o único país do mundo onde nos monumentos nacionais existe para além dos sinais de proibido fumar e proibido vazar lixo, um sinal de proibido, com um boneco a cuspir...

O trânsito é absolutamente caótico e segue as regras do salve-se quem puder. Para conduzir na China, a buzina é tão importante como o motor ou as rodas. É necessário estar sempre a buzinar, para se ter a certeza de ser visto.

Um táxi segue atrás de um camião, numa estrada com um duplo traço contínuo. O que é que ele faz? Primeiro põe o pisca (porque é importante colocar o pisca, quando se vai pisar um duplo traço contínuo) e ultrapassa a buzinar sem parar, para ter a certeza que os carros que vêm de frente se vão desviar... Nem quero imaginar como é que se resolve um acidente na China, porque se é perfeitamente natural um carro andar na rua sem matrícula, é fácil perceber como andarão os seguros...

Mas o chinês típico também tem coisas muito boas... Para começar eles são muito simpáticos e abertos com os estrangeiros. E, não é só aquela simpatia de circunstancia, ou comercial, é mesmo genuína... Mesmo com a barreira da língua tive inúmeras experiências que me comprovaram isso.

Três adolescentes chineses num tour onde eu sou o único estrangeiro. Eles não querem tirar fotografias apenas aos monumentos, querem tirar fotografias à vez comigo! É como se o estrangeiro para eles fosse tão interessante como aquilo que foram ver. E isto foi me confirmado por outros ocidentais a quem aconteceu o mesmo...

Numa viagem de comboio tento comprar alguma coisa para comer a uma vendedora de rua numa estação, ela não tem troco da minha nota de 100, pois o chinês que viajava ao meu lado, sem me conhecer de lado nenhum, paga-me o almoço! Eu uso o livro de vocabulário essencial para lhe dizer que lhe pago de volta quando conseguir trocar a nota e ele usa o mesmo livro para me dizer "meishi". Não há problema é por conta da casa!

O chinês típico é reservado. Não te aborda se não tiver razão para isso, mas se mostras alguma abertura, é só simpatias. Numa viagem de comboio uma pequena chinesa de 8 anos, debate-se com um cubo mágico. Como sei os números, proponho ensinar-lhe alguns algoritmos. "primeiro rodas para este lado, yi, er, san, si, wu. Agora rodas para trás, liu, qi, ba, jiu". Quando ela viu o cubo feito, tornei-me o seu herói e de toda a carruagem. Passaram a viagem a oferecer-me ameixas, frutos secos e sorrisos...

Outra forma que encontrei para demonstrar abertura foi usar t-shirts com símbolos chineses. Comprei uma t-shirt no templo de Shaolin que foi um sucesso! Cada vez que a vestia, tinha pessoas a meterem-se comigo e a fazerem os gestos do Kung Fu...

O chinês típico gosta de apreciar a vida e gosta de jogar. Nos parques, nas ruas, nas casas de chá, os chineses, a qualquer dia da semana, jogam cartas, xadrez ou majhong, cantam, dançam ou tocam instrumentos tradicionais, praticam taichi ou simplesmente bebem chá e trocam mexericos. O chá é algo de tão cultural, que é perfeitamente comum ver um chinês a carreguar um pequeno termo com folhas lá dentro. Todos os sítios públicos, como as estações de autocarro, de comboio, ou parques têm torneiras de água quente, para garantir que, ao chinês, nunca se lhe acaba o chá...

O chinês típico é pontual. Os comboios ou os autocarros não saem às 10h ou às 17h. Saem às 10h18 ou 17h04. E quem pensa que eles estão a brincar, experimente não estar lá dentro a horas e verá que fica em terra. Não são só os transportes públicos, é cultural. Num tour, o condutor de um autocarro, quando parava num sítio dizia, "às tantas horas, aqui." Dezenas de pessoas e ninguém se atrasava. E se alguém se atrasava 5 minutos por alguma razão vinha a pedir mil desculpas...

O chinês típico é social. Por exemplo, para o chinês, comer, não é apenas satisfazer uma necessidade básica, é um acto social. Pode ser intimidante para uma pessoa entrar num restaurante chinês, porque não há mesas para dois, ou para quatro. As mesas estão postas para oito, dez ou para mais, porque um chinês, quando vai comer, nunca vai sozinho mas leva toda a família... E com tantas oportunidades para comer, existem outras tantas para socializar. Comer é um acto tão social, que para um chinês, dizer "nî hao ma" (estás bom?) ou dizer "chi fan le ma" (já comeste?) é exactamente a mesma coisa...

É claro que quando falo dos chineses estou a falar da etnia maioritária, os han. Existem outras etnias como a tibetana ou os uigures. E estou a excluir Macau e Hong Kong que são realmente diferentes...

Tenho a impressão de que, assim como a China, está a passar por uma enorme transformação, também a sociedade chinesa o está. Nota-se uma grande diferença entre as gerações mais velhas, muito ligados às tradições, e à cultura e as gerações mais novas fascinadas com a modernidade... Para um chinês da nova geração estar na moda, é usar t-shirts com frases ocidentais. O problema é que as t-shirts são "made in china" por uma geração onde o inglês não era obrigatório na escola. Assim temos a andar na rua coisas escritas em chinglês como "no paint no gaing", "life better more live" ou "rear you fair"...

Mas não penso que esta abertura ao exterior, ou este fascínio com a modernidade possa descaracterizar uma cultura tão rica e tão diversa como a cultura chinesa. Creio que é apenas um reflexo das profundas transformações pelas quais a China está a passar. Quando a modernidade se instalar, e deixar de ser novidade, os chineses terão também eles muito para oferecer ao mundo...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Soho, Hong Kong

A bordo do Star Ferry

O Star Ferry que liga a ilha de Hong Kong a Tsim Sha Tsui é uma instituição para os habitantes de Hong Kong. A funcionar desde 1888 era até aos anos 80 a única forma de transporte entre as ilhas. É um ícone cultural vivo, porque continua a funcionar...