sábado, 1 de agosto de 2009

A China comunista...

Se eu não soubesse história e alguém me dissesse que a China foi em tempos um país comunista, seria muito difícil acreditar... Tirando a arquitectura dos edifícios oficiais que lembram essa era, não existe propaganda ideológica em lado nenhum. Cartazes, slogans, panfletos, todos desapareceram, foram arrancados ou pintados por cima. Aquilo que de mais parecido vi como uma mensagem ideológica, foi um filme antigo que passou numa viagem de avião para Beijing. O enredo era um grupo de pessoas que trabalhavam numa quinta agrária e que lutavam pelo seu direito à educação...

Hoje, essas mensagens foram substituídas por anúncios comerciais de toda a espécie. A iniciativa privada é a regra e há um materialismo evidente nos carros alemães, ou coreanos topos de gama que os homens de negócio conduzem ou nos telemóveis de última geração que os putos usam no metro.

Nota-se claramente que a China é um país em transformação acelerada. Por todo o lado se vêem pontes, estradas e prédios em construção. A rapidez dessa mutação faz com que se vejam coisas de primeiro mundo a conviver lado a lado com outras de terceiro mundo. Como se a China no seu despertar tivesse dado um salto sem passar pelo segundo...

O modelo de desenvolvimento é claramente uma cópia do modelo ocidental, a única diferença é o modelo de governação. A presença do partido no entanto não se faz notar. Tirando uns militares à porta dos edifícios oficiais ou em lugares sensíveis como a praça de tiannamen. Existem câmaras de vídeo por todo o lado, e as bagagens são passadas a raio-x em todos os meios de transporte, mas isso não faz Beijing diferente de, por exemplo, Londres...

A primeira impressão é a de que os chineses gozam de uma extensa liberdade e que as restrições à internet que eu sinto, a eles não lhes diz nada ou podem bem viver com isso. As restrições que eu sinto também são relativas. É certo que se eu tentar aceder através de um sítio oficial fotocopiam-me o passaporte e tiram-me as medidas, mas já reparei que pelo menos em Beijing existem redes sem fios abertas por todo o lado, em cafés, restaurantes, hotéis, portanto não preciso de me submeter a isso...

Parece existir na sociedade chinesa uma grande apatia política talvez devido ao facto de que não é preciso colocar em causa o papel do partido enquanto a vida estiver a melhorar. Essa é pelo menos a teoria dos analistas ocidentais que dizem que a China tem de crescer 8% ao ano para não ter revoluções sociais...

Não sei se isso é verdade, mas o que eu sei é que o modelo de desenvolvimento que a China copiou está obsoleto, como ficou demonstrado nesta última crise internacional. Não se pode apostar num modelo de crescimento exponencial num planeta com recursos limitados.

Li recentemente numa estatística que cada americano consumia cerca de 25 vezes mais de energia do que um chinês. Se a ambição da China é atingir o nível de vida dos americanos, isso significa que 1.3 mil milhões de pessoas (20% da população mundial) teria de consumir 25 vezes mais energia... Não é possível. O planeta não aguenta, algo vai ter de mudar... Os chineses já conseguiram mudar de um regime comunista para um capitalista sem sobressaltos, portanto não tenho dúvidas de que quando o futuro assim o impuser eles irão mudar novamente... Ou isso ou estamos todos tramados.

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